Entrevista exclusiva: Claudia Pires compartilha como a SO+MA está impulsionando a lealdade com foco em ESG
//Engajador Tudo Sobre IncentivosEm um cenário onde 30% dos consumidores em 2024 foram movidos pela lealdade a marcas alinhadas com seus valores éticos, a sustentabilidade e a responsabilidade social emergem como pilares essenciais na construção de relacionamentos duradouros com os clientes, conforme aponta o Customer Loyalty Index da Emarsys. Nesse contexto, a SO+MA se destaca ao integrar práticas sustentáveis aos programas de fidelidade, criando uma experiência única de engajamento. A empresa tem se consolidado como um player inovador, oferecendo soluções que incentivam o descarte correto de resíduos e recompensam os participantes com benefícios que podem ser convertidos em pontos para doação a ONGs ou em vantagens pessoais. Com um crescimento de 60% em 2024, a SO+MA está preparada para fortalecer seu modelo de negócios SaaS em 2025, proporcionando ferramentas personalizadas e escaláveis para empresas que buscam se tornar referências na agenda ESG (ambiental, social e de governança).
Neste ambiente de transformação, Claudia Pires, CEO da SO+MA, compartilha em entrevista exclusiva suas visões sobre a evolução dos programas de fidelidade, os desafios de integrar sustentabilidade e engajamento socioambiental, e as estratégias da empresa para expandir suas soluções no mercado global.
O modelo SaaS será uma estratégia central para a SO+MA em 2025. Como a plataforma SaaS pode ajudar as empresas a alcançarem seus objetivos ESG de maneira mais escalável e personalizada?
Claudia Pires – Sim, será nosso foco em 2025. Com a experiência da Cargill, entendemos o potencial da ferramenta. As empresas podem se beneficiar de vários formatos, com seu próprio sistema personalizado, podendo levar o programa para qualquer unidade produtiva ou escritório central, com todos os dados em um único sistema. Isso permite mensurar o desempenho e o engajamento de cada unidade, fazer comparações e responder de forma específica a cada uma. O sistema também permite que a empresa defina suas próprias regras, incentivando materiais específicos dependendo da sua estratégia de negócios. Além disso, com um único sistema, é possível atender às questões de legislação de forma rastreável e transparente. É uma ferramenta poderosa para fortalecer a reputação da empresa e gerar orgulho e pertencimento entre os colaboradores. E, se a empresa desejar, pode usar a mesma ferramenta para incentivar outras metas relacionadas ao ESG.
A SO+MA já conta com 14 clientes, incluindo a Cargill. Em setembro de 2024, a Cargill lançou o aplicativo “Cargill Recicla”, baseado na sua tecnologia, que permite a gestão de resíduos da empresa, de forma que colaboradores e comunidades interajam com as iniciativas diretamente pelo celular. Como foi o processo de desenvolvimento de soluções personalizadas para grandes empresas e como a SO+MA garante que sua plataforma se adapte às necessidades específicas de cada cliente?
Claudia Pires – A POC (Proof of Concept) começou com uma demanda da própria Cargill para levar o programa SO+MA Vantagens para a fábrica. Quando isso aconteceu, paramos para refletir sobre a oportunidade de negócio que tínhamos em mãos. Começamos a estudar o modelo SaaS e, com isso, a programar tudo o que poderíamos personalizar, ao mesmo tempo que automatizamos processos, trazendo liberdade para cada empresa estabelecer seu próprio programa, de acordo com suas necessidades. A etapa de kick-off é muito importante: entendemos a estratégia da empresa e, ao mesmo tempo, garantimos que tudo que pode ser personalizado seja bem compreendido. Existem templates base que são bastante intuitivos para a personalização.
Com a crescente demanda por soluções sustentáveis, como você vê o potencial de expansão da SO+MA no mercado internacional? Quais mercados globais você acredita que têm maior potencial para a empresa e como vocês se destacam nesse cenário competitivo de sustentabilidade?
Claudia Pires – Sim, vemos um potencial tremendo. Afinal, o problema que ajudamos a resolver é global. Tirando alguns poucos países que estão mais avançados na agenda, na maioria, o processo ainda está no início, portanto temos um potencial enorme. Outro ponto importante é que os consumidores estão muito mais atentos e exigindo (em alguns casos, de forma mais explícita) um posicionamento sustentável de suas marcas, sem “greenwashing“. Assim, nossa ferramenta não só resolve questões práticas da agenda ESG, como também acredito que é um caminho importante na evolução dos programas de loyalty.
Números
- O programa de engajamento socioambiental da SO+MA impactou mais de 52 mil pessoas, com benefícios como a economia de R$ 1,3 milhão para os participantes e a doação de mais de 2 milhões de pontos a ONGs parceiras. No acumulado de suas atividades, foram recicladas mais de 5,1 mil toneladas de resíduos, evitando a emissão de 12,8 milhões de quilos de CO2 e economizando 295 milhões de litros de água.
O impacto socioambiental tem sido um tema crescente, principalmente em um momento de mudanças climáticas extremas. Como você vê a evolução do setor de fidelização e engajamento socioambiental nos próximos anos, especialmente com o aumento da pressão por maior transparência e ações concretas?
Claudia Pires – Junto com a IA (Inteligência Artificial), a preocupação com questões sociais e ambientais é o assunto do momento. Em 2024, tivemos fenômenos extremos (e 2025 já começou de forma similar) em quase todas as partes do mundo, e as pessoas vivenciaram, muitas vezes de forma impactante, os efeitos das mudanças climáticas. Portanto, o tema entrou na pauta de forma definitiva. Principalmente os governos europeus estão reforçando suas legislações, buscando cada vez mais transparência, e muitas inovações têm sido feitas. Nesse contexto, o consumidor mainstream tem começado a se posicionar de outra maneira, exigindo das marcas um compromisso com impacto positivo. Eles querem que as marcas reflitam seus anseios e mostrem que estão fazendo algo para um mundo melhor. Para se conectar com seus consumidores, não será mais suficiente apenas oferecer produtos ou experiências. A fidelização virá também do posicionamento socioambiental das marcas.
O programa “Empreendedoras da Reciclagem”, iniciativa que combina capacitação e mentoria focado em mulheres catadoras, é um grande diferencial da SO+MA. Como você acredita que essa iniciativa contribui para fortalecer a economia circular e o empoderamento das mulheres no setor de reciclagem? Quais são os planos para expandir esse programa?
Claudia Pires – A primeira edição do programa foi um sucesso e já estamos indo para a segunda edição, com planos para novas turmas em breve. Este é o primeiro programa na América Latina que foca especificamente nas mulheres que trabalham na reciclagem. Fizemos um processo de escuta muito profunda para entender os desafios e demandas desse público, o que deu ao programa um poder de transformação incrível. Elas realmente sentiram (e vivenciaram) que o programa foi feito para elas. Os temas abordaram desde questões específicas sobre organização do ambiente de trabalho e leis, até redes sociais e como se posicionar como empreendedoras. O nome do programa, inclusive, foi escolhido por elas.
Com a crescente demanda por soluções sustentáveis, como as startups podem se destacar em um mercado competitivo de fidelização? Quais desafios as empresas enfrentam ao integrar sustentabilidade em suas estratégias de fidelização, e como a SO+MA está superando essas barreiras?
Claudia Pires – As principais características de uma startup são inovar e arriscar. Portanto, essa é a fórmula perfeita para enfrentar esse novo mercado. No meu ponto de vista, o que falta é a união dos times de negócios/marketing com os de sustentabilidade. Dentro das grandes empresas, os temas ainda são tratados separadamente, o que resulta em uma falta de visão sistêmica. Ainda vemos a sustentabilidade como algo paralelo ao “BAU” (business as usual), em vez de perceber que a demanda dos consumidores exige esse posicionamento. Uma estratégia integrada amplia as oportunidades de negócio e a conexão com o consumidor. Costumo brincar: “Por que terminar a conversa com o consumidor na prateleira, se posso continuar essa conexão, ampliar o meu conhecimento sobre ele e ainda me tornar uma marca admirada e antenada com os seus anseios?” Foi com essa clareza de oportunidade que começamos a migrar nosso sistema para o modelo SaaS. Somos a primeira e única startup, até o momento, que traz essa visão.
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