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Metaverso, tokens e fidelidade – entender as tecnologias para criar futuros desejáveis

Por Luciano Britto*

Muito se fala do potencial de transformações econômicas e sociais nas experiências imersivas do metaverso. A expectativa é que os próximos 10 anos sejam transformadores.

Existe, porém, um questionamento por parte dos mais céticos — de que pode demorar. Já os mais fervorosos acreditam que essa transformação já começou. Os mais técnicos dizem que por mais que ainda esteja em sua fase inicial, o fenômeno da exponencialidade reduz a janela de transformação radicalmente e na próxima década veremos evoluções significativas.

Com isso, as empresas têm se perguntado se esse acervo simbólico e técnico acumulado que convencionamos chamar “conhecimento” já é suficiente para que comecem a tomar suas providências. Ou seja, como e quando devem olhar efetivamente para esses conceitos.

Por aqui, acredito que o futuro não existe. Somos nós quem o criamos, e motivados pela certeza que a imaginação sempre poderá superar nossas limitações, estamos cocriando esses futuros desejáveis.

Metaverso

Mas o que realmente é o metaverso? Enquanto muitos limitam o metaverso a um espaço online com gráficos 3D, outros enfatizam ser uma rede de espaços virtuais interoperáveis ​​que permite interações em tempo real onde as pessoas trabalham, socializam, compram e participam de experiências sintéticas.

Por que o conceito de metaverso ganhou destaque repentinamente? Sabemos que no dia que o Facebook anunciou seu rebranding para Meta, o frenesi foi total. Antes disso, o conceito de metaverso já vinha sendo discutido entre os inovadores mais incríveis ao redor do mundo, motivados pelo surgimento da web3, que tem como base os princípios da unicidade digital que até hoje só o blockchain conseguiu tornar realidade.

Sabemos também que todas essas aplicações baseadas em blockchain, e principalmente essa nova fase do metaverso, ainda estão engatinhando, mas isso é comum em tecnologias emergentes e foi assim com todas. Nada nasce maduro e essa maturidade na experiência do usuário, bem como proposta de valor, surgirão gradativamente.

Em recente relatório, a Gartner estima que até 2026, 25% das pessoas passem pelo menos uma hora por dia no metaverso para trabalho, compras, educação, mídia social e/ou entretenimento. Entre os principais elementos apontados por eles, grande parte está diretamente ligada ao blockchain. Digital currency, NFTs, infraestruturas e digital assets são os principais.

Com blockchain, uma série de outras inovações e tecnologias combinadas como: realidade aumentada (AR); HMDs; AI; IoT; 5G e tecnologias espaciais, complementam um mercado que a McKinsey prevê que atinja mais de US$ 5 trilhões até 2030.

Fidelidade

Um programa de fidelidade é uma abordagem onde marcas reconhecem e recompensam os clientes que compram ou se envolvem com elas de forma recorrente, com descontos, brindes, experiências e outros.

O paradigma atual está em encontrar o equilíbrio entre recompensas realmente atraentes, associadas aos anseios de uma comunidade em torno da marca, a fim de aumentar seu engajamento.

Para isso, a importância de extrair valor de um ecossistema com outros stakeholders é fundamental para incrementar o valor das recompensas.

Tokens baseados em redes blockchain funcionam perfeitamente como representações digitais únicas que identificam e coordenam as relações de benefícios e recompensas com as marcas, plataformas e outras organizações. Essa capacidade de identificação é um passo além nas relações de acesso personalizado, automatizado, e interoperável com outras plataformas de forma confiável e segura.

Com isso, abordagens em torno do metaverso e tokens, estão sendo tanto discutidas, como também concebidas. ‍Marcas como a Starbucks, Nike, Budweiser, Disney, Reddit e outras, já estão adotando recompensas em tokens baseados em blockchain para incentivos e programas de fidelidade.

Quando a Adidas lançou suas primeiras NFTs junto com o Bored Ape, faturou US$ 22 milhões em menos de dois minutos. Os detentores do NFT obtiveram acesso a dois benefícios principais: mercadorias exclusivas do mundo real, como um agasalho de edição limitada, e também mercadorias digitais, como mais NFTs, códigos de acesso para futuros lançamentos de tênis, festas no metaverso e oportunidades de ganhar dinheiro com suas próprias criações digitais.

Nessas relações mais orientadas a web3, a filosofia por trás é de graus de descentralização mais elevados, em um ambiente onde usuários passam a fazer parte ativa e merecedora dos resultados oriundos de modelos de negócios mais abertos e economicamente distribuídos que o blockchain permite.

Tokens

Os tokens fungíveis e os NFTs surgem com essa missão ao legitimar os conceitos intercambiáveis, ownership e de portabilidade, que além de promover o envolvimento da comunidade, remove o atrito entre a proliferação de plataformas digitais.

Compra de roupas e acessórios para avatares online serão negociados livremente com moedas digitais. Shoppings virtuais imersivos surgirão com uma experiência de usuário mais envolvente. Programas de incentivos representados por unidades digitais na blockchain virão à tona. Compra de terrenos digitais e casas virtuais já estão acontecendo e são representadas por NFTs como comprovação de propriedade.

Essas e outras interações descentralizadas permitirão que as organizações ampliem seus escopos de atuação. À medida que mais consumidores aceitem essa noção de novos modelos de negócios dentro do metaverso, a demanda por produtos digitais baseados em blockchain aumentará.

Práticas ambientais, sociais e de governança

As abordagens em torno da web3, metaverso e incentivos também podem contemplar recompensas em torno das práticas Ambientais, Sociais e de Governança (ESG). As ações sociais podem ser mensuradas através dos “Tokens Sociais” como incremento de impacto, habilitando iniciativas e engajamento da comunidade. Principalmente em uma expectativa de futuro onde as maiores ameaças aos seres humanos são as mudanças climáticas e suas consequências no aumento das temperaturas, desastres naturais, disfunções na agricultura, além de uma devastadora crise hídrica, econômica e social.

Recentemente, a Etihad Airways, companhia aérea dos Emirados Árabes, anunciou o lançamento da primeira coleção de token não fungível (NFT) da companhia, ‘EY-ZERO1’.

A série de NFTs apresenta dez modelos de aeronaves 3D altamente detalhados, com pinturas exclusivas. Um total de 2003 colecionáveis de edição limitada, simbolizando o ano em que a Etihad Airways foi fundada, foi colocada à venda em julho.

“Estamos empolgados em lançar nossa primeira coleção NFT, EY-ZERO1, que não apenas oferece aos colecionadores, entusiastas da aviação e viajantes uma obra de arte única, mas também oferece benefícios de viagens e estilo de vida do mundo real com a Etihad Airways”, disse Tony Douglas, CEO do Etihad Aviation Group.

A compra do NFT dará aos proprietários uma associação imediata do nível Etihad Guest Silver por um ano, com 10 portadores de NFT ganhando passagens aéreas de cortesia da companhia aérea. Os proprietários de NFT também terão acesso antecipado às próximas coleções de NFTs, bem como a futuros produtos metaverso que a companhia aérea planejou como parte de sua estratégia Web3.

Os NFTs também estarão disponíveis para compra na Etihad Guest Reward Shop, o que significa que os 7 milhões de membros do programa de fidelidade da companhia aérea podem resgatar suas milhas Etihad Guest para adquirir um NFT.

Experiências virtuais de valor

Na internet do valor, clientes se parecerão com “acionistas” e menos com clientes tradicionais, na qual serão parte importante no processo de construção e disseminação da marca, sustentado por novos pilares. Tanto o metaverso como a web3 e seus potenciais subjacentes permitirão que marcas possam criar diferentes tipos de experiências virtuais associadas ao mundo real de forma inovadora e de valor.

O importante é entender exatamente todas essas possibilidades e explorá-las, já que estão em seus estágios iniciais. Só assim poderemos reimaginar novas formas de interações entre pares. O conceito ainda é jovem e muitas marcas estão dando seus primeiros passos. Ainda há muito por vir. Quanto antes tentarmos entender essas novas tecnologias e seus benefícios, mais cedo poderemos começar a desenvolver soluções valiosas para todos.

 

*Luciano Britto – cofundador da Rhizom, possui mais de 25 anos de experiência em filosofia, publicidade, inovação arquitetura e desenvolvimento de negócios, digital e varejo.

Este artigo é uma re-edição de texto originalmente publicado em seu blog.

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