Você pode estar do lado da Katy Perry — que, em pleno show, chutou um Labubu para longe e divertiu os fãs com a cena — ou seja, preferir distância do bichinho. Ou pode estar mais alinhado com outras celebridades como Rihanna, Dua Lipa e Kim Kardashian, e se juntar às legiões de fãs em mais de 30 países. Fãs que, inclusive, ajudaram a quase triplicar os lucros da companhia chinesa responsável pelo item, a Pop Mart, no último ano. Mas, independentemente da posição que tomar, há algo a aprender com esse monstro de aparência élfica. Mais do que um brinquedo, o Labubu é um símbolo de pertencimento cultural e status social. A comunidade de colecionadores celebra cada lançamento como se fosse um evento, impulsionada pela escassez e pelo storytelling.
E o que nós, ligados a programas de fidelidade e experiência do cliente, podemos aprender? O sucesso do personagem mostra como a lealdade pode nascer da emoção coletiva, da sensação de exclusividade e do desejo de fazer parte de algo maior. A resposta talvez esteja em transformar benefícios em experiências culturais, explorando mecânicas como gamificação, níveis e status para criar vínculos tão fortes quanto os de um fã-clube global.
O Labubu foi parar em lugares improváveis da vida das pessoas. A rede estadunidense David’s Bridal, com 70 anos de tradição no mercado de casamentos, lançou até vestidos exclusivos para o monstrinho de pelúcia. Ainda nos EUA, em shoppings de Los Angeles, as máquinas automáticas da Pop Mart viraram ponto de encontro de colecionadores que disputam caixas-surpresa — embalagens lacradas em que ninguém sabe qual versão do boneco vai encontrar — como quem caça tesouros. No TikTok, transmissões ao vivo transformaram o ato de compra em espetáculo, no melhor estilo “cultura do drop”. E não para por aí: já existe token LABUBU em corretoras cripto, versões personalizadas feitas por artistas no Instagram e até colaborações com marcas de moda.
No Brasil, o fenômeno ganhou contornos próprios. A Magazine Luiza, em parceria com o AliExpress, viu as vendas do produto dispararem em 2025. No comércio popular, as versões falsificadas receberam apelidos como Lafufu e Tribufu. E mais recentemente, o monstrinho inspirou encontros presenciais em cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Piracicaba — organizados por shoppings, com atividades infantis, descontos e fãs exibindo seus bonecos como se fosse uma credencial. Do luxo de edições raras vendidas por milhares de dólares ao encontro de colecionadores em um centro comercial brasileiro, o Labubu mostra como deixou de ser apenas brinquedo para se tornar um símbolo cultural presente em diferentes momentos da vida.
O fenômeno Labubu deixa claro que, por trás de qualquer febre de consumo, existe muito mais do que estética ou moda passageira. O que sustenta essa lealdade é a aplicação intuitiva de princípios psicológicos que também estão na base dos programas de fidelidade mais bem-sucedidos.
Veja alguns paralelos:
Assim como o Labubu se tornou símbolo de pertencimento cultural, programas de fidelidade podem se inspirar nesse efeito para criar mais do que benefícios funcionais: experiências que ativam emoções, estimulam a comunidade e dão ao consumidor o desejo de se manter conectado.
Para se aprofundar nesses conceitos, confira também nosso texto: A psicologia da fidelização: como aplicar teorias e aumentar a lealdade genuína do cliente.
O ponto central é que o valor de fenômenos como o Labubu não está no modismo em si, mas no que ele revela sobre as pessoas. Tendências virais são só a ponta do iceberg de desejos coletivos mais profundos: a necessidade de pertencimento, de nostalgia ou mesmo de um escape lúdico em tempos de tanta racionalidade e aceleração digital. Quando tudo parece rápido e pesado demais, buscamos o leve, o divertido, o inesperado. É daí que surgem obsessões culturais improváveis, mas que tocam em carências emocionais reais.
Para os programas de fidelidade, isso significa transformar pontos, tiers e recompensas em experiências culturais que carreguem significado. É usar a escassez como motivador, a gamificação como motor de engajamento e o senso de comunidade como elo emocional. Fã ou hater, Labubu ou Lafufu, tanto faz. O que importa é o que esse monstrinho revela que fenômenos culturais podem — e devem — ser lidos sob a lente da fidelização.
>>>Esse segundo artigo dá sequência à série sobre “diferentes motores da lealdade” no TSI. Aqui, o foco foi a lealdade cultural e comunitária — movida por pertencimento, escassez, exclusividade e emoção, elementos que transformam consumidores em verdadeiros fãs.
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